A Grande Dissociação
Já aconteceu de você estar em uma reunião e, de repente, se distrair com alguma coisa e perder o foco no que estava sendo dito? Ou então passar horas navegando nas redes sociais sem nem perceber o tempo passar? Esses são alguns exemplos do fenômeno conhecido como dissociação, que é quando nos desconectamos de nossos pensamentos, sentimentos, memórias ou senso de identidade.
Infelizmente, a dissociação tem se tornado cada vez mais comum em nossa sociedade, especialmente durante a pandemia de Covid-19. O estresse e a ansiedade provocados pela situação têm contribuído para o aumento desse fenômeno, o que vem sendo chamado de “Grande Dissociação”.
Mas não é apenas a pandemia que tem contribuído para o aumento da dissociação. Estudos como os de John Suler e da Universidade de Washington mostram que muitas pessoas entram em estado dissociativo quando acessam as redes sociais. Além disso, a dissociação também afeta nossa percepção do tempo, fazendo com que minutos pareçam horas e vice-versa.
Diante desse cenário, surge a Dissociação Digital, que é um fenômeno do século 21 relacionado à economia da atenção. A Dissociação Coletiva também tem sido observada, com reações culturais ao fenômeno e a popularidade de jogos online e realidade virtual como formas de dissociação.
Mas o que podemos fazer para lidar com a dissociação? Amanda Baughan, pesquisadora líder do Projeto de Dissociação da Universidade de Washington, acredita que o design pode ser uma solução. Propostas como notificações após 30 minutos de uso contínuo e a divisão das redes sociais por categorias podem ajudar a combater o uso excessivo. Além disso, existem aplicativos como o Social Fever e o Freedom, que estabelecem limites de tempo e bloqueiam o usuário se ele exceder esse limite.
A tecnologia também pode ajudar a combater a dissociação no futuro. Empresas como a Neurable já desenvolveram fones de ouvido que avisam o usuário quando é preciso fazer uma pausa, e a Wisear lançará em breve eletrodos capazes de detectar sentimentos como estresse e ansiedade.
No entanto, para combater a dissociação de forma efetiva, é fundamental investir em educação e conscientização sobre o fenômeno. Escolas, empresas e instituições de saúde mental podem promover palestras, workshops e campanhas informativas sobre o tema, ensinando estratégias para lidar com a dissociação e encorajando o uso consciente das redes sociais e da tecnologia.
Mas a responsabilidade não deve ser apenas das instituições. Todos nós podemos ajudar uns aos outros a lidar com a dissociação, compartilhando dicas e recursos e promovendo conexões autênticas fora do ambiente virtual. Juntos, podemos criar uma sociedade mais consciente e resiliente diante dos desafios da vida moderna.
Devemos lembrar que a dissociação não é um problema exclusivo da era digital. Na verdade, esse fenômeno sempre existiu em nossas vidas, mas agora tem sido mais visível e intenso devido ao mundo altamente conectado em que vivemos.
Por isso, é importante aprender a reconhecer os sinais da dissociação e saber como lidar com eles. A meditação, por exemplo, pode ser uma prática útil para ajudar a manter o foco e a conexão com o momento presente.
Também é essencial lembrar que a tecnologia não é o inimigo. Na verdade, ela pode ser uma ferramenta poderosa para nos conectar, aprender e crescer. O importante é usá-la de forma consciente e equilibrada, encontrando um equilíbrio saudável entre o mundo digital e o mundo real.
Em resumo, a dissociação é um fenômeno cada vez mais presente em nossas vidas, mas não precisa ser uma fonte de ansiedade e preocupação constante. Com educação, conscientização e práticas equilibradas, podemos aprender a lidar com a dissociação e transformar nossa relação com a tecnologia e o mundo digital. Eu luto todos meus dias contra isso!
Fontes: Associação de Saúde Mental dos EUA. | Universidade de Washington. (2022). Dissociação e redes sociais: um estudo de caso. | Statista. (2022). Número de usuários de internet e redes sociais no mundo.